Foram dez dias sem fazer praticamente nada. Eu sabia que estava cansada, muito cansada, estafada (lembram quando existia uma palavra em português antes de burnout?), exausta, xoxa, anêmica etc. e até tinha falado para meu filho e uma que outra amiga que tinha receio de, quando finalmente eu parasse, meu corpo sucumbisse. Não foi bem assim, mas foi quase.
Primeiro, veio uma rinite que me deixou um dia inteiro de cama. Depois, uma moleza que me deixou me arrastando. E, por fim, no dia 01, para iniciar o ano com tudo, minha menstruação.
Eu queria, quero, preciso descansar, então pela primeira vez em muitos anos (quase 5, já que minha última parada real foi em fevereiro de 2020), eu parei. Me permiti ficar no sofá por horas a fio lendo e vendo séries com minha mãe. Me permiti não responder mensagens. Não abri o email “da firma” e deixei outros trabalhos e projetos em pausa.
Claro que estar na casa de minha mãe, onde dividimos as tarefas diárias de cozinhar-lavar-guardar-limpar foi parte fundamental dessa possibilidade de descanso. São duas cabeças adultas pensantes, quatro mãos capazes, e fiquei pensando como seria morar com uma amiga, outra mulher, dividindo cuidado da casa e dos filhos — porque eu já fui casada com homens duas vezes e eu convivo com amigas casadas e eu sei que, salvos raras exceções, numa casa com um casal hétero, a carga é da mulher, todo mundo sabe disso.
Hoje retomo algumas atividades, projetos do meu coração. Descansar é bom, mas eu gosto de me ocupar. Quando (não se, QUANDO, pois sigo esperançosa) eu não precisar me preocupar com grana, imagino que a vida será assim: acordar lento, tomar café lendo newsletters, trabalhar nos projetos que tocam minha alma, ver TV com meu filho, exercitar o corpo entre uma coisa e outra.
Mas minha realidade de agora, como a de todas vocês (a menos que alguém que me leia seja herdeira, neste caso aceito mecenato), é a de trabalhar para poder me permitir não apenas pagar as contas, como também realizar esses projetos de alma.
Ontem à tarde tirei um tempo precioso para preencher meu YearCompass. Eu sempre busco um estado meditativo para trabalhar em minhas metas, para sair um pouco do racional tenho que e escutar mais o quero de dentro do meu peito, e saíram algumas surpresas nesse processo. É bonito de ver.
Desde meus 17 anos ou por aí, eu faço um visual das minhas metas do ano. Descobri recentemente que os jovens chamam isso de vision board. Eu chamava de “resoluções de ano novo” quando não tinha um nome melhor para isso, mas já chamei de mandala dos desejos, rosa de planos, e hoje em dia chamo só de “visual de metas” mesmo. Todo ano, assim que tenho pronto o novo, queimo o do ano anterior, e farei isso assim que voltar para minha casa.
Sei que para muita gente o 1º de janeiro é só mais uma data, sei que o calendário gregoriano é uma contagem artificial do tempo criada para servir ao homem, mas também sei que a gente pode atribuir sentido às coisas, e a renovação do início do ano sempre foi importante para mim. Nunca fui uma pessoa muito Natal, mas o réveillon enche meu peito. Todo primeiro de janeiro, releio um poema de Ana C. que amo e que para mim é a imagem de um novo ano.
Tenho uma folha branca
e limpa à minha espera:
mudo convite
tenho uma cama branca
e limpa à minha espera:
mudo convite
tenho uma vida branca
e limpa à minha espera.
Com agenda e diário novinhos, metas e planos escritos e um vision board (fazer o que) já pensado e pronto para ir para o papel, dou o primeiro passo em direção a 2025.
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Um lembrete: já estão abertas as opções pagas deste newsletter. Para que o Desclube e a edição exclusiva com recomendações aconteçam, preciso de dez inscritas. Não alcançando este número (o que é possível, já que meu alcance é pequeno), as cartinhas continuarão gratuitas no formato do ano passado.
Por um 2025 cheio de graça ❤️
eu fazia vision board, mas aí parei... esse ano, porém, fui tão impactada pelo marketing de: um novo ano, um novo você, que fiz planilha de gastos e metas, planilha de metas e até um plano semana a semana para posts no linkedin com a ajuda do chat gpt hahaha.